Agora há pouco eu estava conversando sobre "se..." com a minha mãe.
Durante o processo de aceitação de uma perda como a minha é natural vir em alguns momentos pensamentos do tipo "se...". Alguns exemplos:
Se a nossa empregada não tivesse pedido férias, a Fabi não teria ido lavar a cozinha e não teria torcido o joelho e nada disto teria acontecido.
Se a Fabi tivesse escolhido outro tênis naquele dia, pois ela estava com um que escorregava muito
Se eu tivesse levado a Fabi para o hospital nas primeiras tosses, mesmo sem saber que tinha ligação com a questão do joelho.
Se alguns dos médicos iniciais tivessem orientado melhor sobre a possibilidade da formação de coágulos e dado uma orientação de como proceder, mesmo que fosse uma possibilidade muito remota.
O "se..." é muito prejudicial no processo de luto. Se você está neste processo, por favor, não deixe este sentimento tomar conta de você. Não alimente este sentimento. Eu tenho lutado muito contra ele desde o começo e tem me feito muito bem. Pois em nada adianta agora pensar no que poderia ou não ter feito ou acontecido. O fato ocorreu e absolutamente nada irá mudar isto.
Se o "se..." fizesse sentido, eu poderia chegar ao absurdo de dizer que "se..." eu não tivesse conhecido a Fabi a gente não teria namorado, casado, comprado um apartamento, contratado uma empregada, que um dia iria tirar férias e a Fabi iria limpar a cozinha, escorregar e torcer o joelho. Logo, nesta linha de pensamento, ela não teria morrido se ela não tivesse me conhecido. Faz algum sentido? NÃO É UM TOTAL ABSURDO????? Pois os "se..." são assim, algo absurdo que não irá fazer absolutamente nenhuma diferença hoje, a não ser trazer culpa, remorso ou tristeza.
Eu tenho tomado cuidado em não deixar o "se..." tomar espaço em meus pensamentos, e faço isto desde o princípio, e tem me feito muito bem. Você que está numa situação semelhante a minha, pense nisto...
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